Por Júlia F. Cerione
Outro dia eu fui numa festa. Como todo adolescente, eu gasto meus finais de semana indo em festas, vendo filmes e lendo textos para a faculdade; mas os textos só no domingo à noite, quando não dá mais para postergar a leitura. Nessa festa tinha basicamente três assuntos: pessoas, álcool e música. A relação entre pessoas e álcool é bastante clara. No entanto, a relação dos presentes na festa com a música que o ambiente preenchia não me é auto explicativa. Não me é auto explicativa, pois cada um dos que estavam ali estabeleceram, com absoluta certeza, uma relação distinta (e inconsciente) com aquela que pairava no ar.
Em uma certa altura da festa, a música eletrônica que ali tocava foi substituída pelo clássico e tão esperado funk. Acho engraçado como as pessoas (em particular as garotas) esperam ansiosamente para a “hora do funk” nas festas, quando elas simplesmente podem pedir para o Dj tocar funk a qualquer momento; mas isso não é relevante agora. Vários funks tocaram, os presentes se divertiam, inclusive eu. Foi quando uma voz aguda, estridente, com um tom infantil extremamente desconcertante anunciou em uma das músicas: “Vai começar a putaria!”.
Passei a semana toda ouvindo aquela música: Mc Pedrinho e Mc Livinho, Se prepara. O horror que eu havia sentido a primeira vez que aquele som chegou nos meus ouvidos foi desaparecendo. Ainda que a indignação, nunca. Confesso que fiquei fascinada com a melodia, a harmonia da música. Elas foram se adaptando aos meus ouvidos de forma exclusivamente passional. Meu julgamento sobre aquele som jamais seria lógico, racional, caso contrário eu o detestaria: a voz do garotinho é desafinada, não existe nenhum nível de preocupação com a técnica, com a arte, com a música daqueles que passavam horas e mais horas estudando como compor o mais belo conjunto de notas. E mais que isso: o tema da música era terrível. A letra, pior ainda. Para bom entendedor, meia palavra basta. Aquela letra era ofensiva.
Contudo, para mim, ao ouvir a música repetidas vezes, isso tudo não fazia diferença. Eu amava aquela música. Os meus sentidos a acolhiam de forma quente, bela. E eu saia a cantando por aí, agindo sobre o mundo a partir das minhas sensações mais puras e perceptivas. Essa era a minha experiência com a arte, com a música, por mais comercial e tecnicamente ruim que ela pudesse ser e por mais que no início tenha me causado repulsa, minha sensibilidade fora tocada.
Outro dia eu fui numa festa. Como todo adolescente, eu gasto meus finais de semana indo em festas, vendo filmes e lendo textos para a faculdade; mas os textos só no domingo à noite, quando não dá mais para postergar a leitura. Nessa festa tinha basicamente três assuntos: pessoas, álcool e música. A relação entre pessoas e álcool é bastante clara. No entanto, a relação dos presentes na festa com a música que o ambiente preenchia não me é auto explicativa. Não me é auto explicativa, pois cada um dos que estavam ali estabeleceram, com absoluta certeza, uma relação distinta (e inconsciente) com aquela que pairava no ar.
Em uma certa altura da festa, a música eletrônica que ali tocava foi substituída pelo clássico e tão esperado funk. Acho engraçado como as pessoas (em particular as garotas) esperam ansiosamente para a “hora do funk” nas festas, quando elas simplesmente podem pedir para o Dj tocar funk a qualquer momento; mas isso não é relevante agora. Vários funks tocaram, os presentes se divertiam, inclusive eu. Foi quando uma voz aguda, estridente, com um tom infantil extremamente desconcertante anunciou em uma das músicas: “Vai começar a putaria!”.
Passei a semana toda ouvindo aquela música: Mc Pedrinho e Mc Livinho, Se prepara. O horror que eu havia sentido a primeira vez que aquele som chegou nos meus ouvidos foi desaparecendo. Ainda que a indignação, nunca. Confesso que fiquei fascinada com a melodia, a harmonia da música. Elas foram se adaptando aos meus ouvidos de forma exclusivamente passional. Meu julgamento sobre aquele som jamais seria lógico, racional, caso contrário eu o detestaria: a voz do garotinho é desafinada, não existe nenhum nível de preocupação com a técnica, com a arte, com a música daqueles que passavam horas e mais horas estudando como compor o mais belo conjunto de notas. E mais que isso: o tema da música era terrível. A letra, pior ainda. Para bom entendedor, meia palavra basta. Aquela letra era ofensiva.
Contudo, para mim, ao ouvir a música repetidas vezes, isso tudo não fazia diferença. Eu amava aquela música. Os meus sentidos a acolhiam de forma quente, bela. E eu saia a cantando por aí, agindo sobre o mundo a partir das minhas sensações mais puras e perceptivas. Essa era a minha experiência com a arte, com a música, por mais comercial e tecnicamente ruim que ela pudesse ser e por mais que no início tenha me causado repulsa, minha sensibilidade fora tocada.
https://www.youtube.com/watch?v=Nbmwvu23nM4
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