quarta-feira, 25 de março de 2015

O dia em que conquistei o mundo – Pedro Racy

“O mundo é seu, torcedor tricolor”. Foi com essa frase, dita pelo narrador Galvão Bueno, que eu mudei toda a minha vida. Foi em dezembro de 2005, o meu time, São Paulo Futebol Clube, tinha ido para o Japão disputar o maior campeonato de clubes do mundo, o Mundial Interclubes, enquanto eu, com 9 anos, tinha ido para a praia de Ilha Bela para jogar um torneio de futebol. Na época, eu era um apaixonado por futebol, mas talvez não tanto pelo meu time, pois não entendia muito bem o porquê tínhamos que ter um time específico e torcer por ele a qualquer custo. Enquanto jogávamos o campeonato, e íamos passando de fases, o SPFC ganhava a semifinal do Mundial, e eu comemorava, mesmo sem ter visto o jogo achava legal que o time que eu tinha escolhido ganhado, mas aquilo ainda não tinha uma importância grande pra mim, eu queria mais é jogar futebol. Ambos chegamos a final, o SPFC do Mundial Interclubes, e eu, no Campeonato Interclubes de Ilha Bela, isso no mesmo dia e no mesmo horário.
 Quando estávamos indo do nosso hotel para o ginásio da grande final, paramos para ver os 5 primeiros minutos do jogo do SPFC que já tinha começado. Foram 5 minutos onde o time do Liverpool (Inglaterra) pressionou muito e quase já fez um gol logo de cara, e pela primeira vez eu senti um frio na barriga por algum jogo que eu estava torcendo, e não jogando. Fomos para o jogo, começamos muito bem, abrimos logo 2 a 0 contra um time local e tínhamos apenas que segurar o placar até o final. O meu time tinha dois técnicos, um corintiano roxo, e outro, um são paulino doente. O são paulino nem entrou no ginásio, ficou no bar da frente assistindo a final do Mundial. Lembro exatamente, nós estávamos pressionando a saída de bola do time local, quando entra no ginásio o meu técnico são paulino, chorando, e gritando “GOOOOOL P*RRA!!!!!!!!”. Eu parei de prestar atenção, como todos os outros jogadores dos dois times, para ver o que estava acontecendo, e o jogo só voltou quando percebemos: São Paulo 1X0 Liverpool. Nosso técnico não entrou mais nenhuma vez no ginásio, nós fomos campeões, e ao final da cerimonia de entrega da taça de campeão, meu técnico são paulino saiu do bar, para me chamar para ver os últimos 5 minutos do jogo do SPFC. Meu time ainda estava ganhando, e faltava apenas 5 minutos. O bar não estava cheio, era um bar pequeno, devia ter uns 5 ou 6 são paulinos vendo o jogo, todos tensos, não tiravam os olhos da TV, alguns até chorando já estavam. Na última chance do Liverpool no jogo, o atacante do time inglês chutou uma bola para fora da meta são paulina, decretando o terceiro título Mundial do SPFC. Quando o goleiro são paulino bateu o tiro de meta, Galvão Bueno gritou : “Acabou! O mundo é seu, torcedor tricolor.” Foi nesse exato momento em que pela primeira vez eu senti o que é ser são paulino. Comemorando, gritando, vendo os outros chorando de emoção, foi ai que eu tive a certeza que o mundo era meu como era de todos os outros torcedores do São Paulo Futebol Clube.

Foi naquele 18 de dezembro 2005 que eu mudei todo o meu ideal de vida. Explicar a paixão que existe entre um homem e seu time de futebol, é impossível, é necessário que se sinta, e eu senti, e dou graças a Deus por isso. Um dos lemas da principal torcida organizada do SPFC é: “Sentimentos movidos por um ideal, SPFC”, e esse é um lema que eu levo para toda a minha vida. Compareço em todos os jogos no Estádio do Morumbi, onde  quando começa qualquer jogo, todos os problemas do mundo acabam, e a única coisa que importa é o meu time. Eu tenho explicado para todos da minha família, meus amigos, que a grande paixão da minha vida não é uma pessoa, não é uma profissão, é um time de futebol, mas não qualquer time, é o São Paulo Futebol Clube, que me fez conquistar o mundo pela primeira vez. Eu choro, sofro, xingo, torço, mas, principalmente, amo.

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