quarta-feira, 25 de março de 2015

De Olhos Vendados

Por Vitória Sudati Mendes - 41414383

Quando questionada sobre uma experiência estética logo me vem à mente algo visual, mas diferente do óbvio de uma situação visual em que o sentido mais usado é a visão, a minha experiência estética é a que eu justamente não podia usar minha visão. Tive que enxergar sem ver. Tive que ver com o toque e com a audição.
Essa situação ocorreu quando estava fazendo uma atividade na aula de teatro, onde eu fui vendada e por uns 20 minutos tive uma das experiências mais incríveis da minha vida.
Depois de vendada e girada para perder a memória visual onde estava, foi guiada por um colega de curso pela coxia e pelo palco onde tinha vários obstáculos.
A coxia não era um lugar que eu conhecia, assim tive que confiar na pessoa que me guiava para explorar esse local desconhecido. Outro momento que a confiança foi um elemento muito importante foi quando subi uma escada e o meu guia disse para sentar e colocar minhas pernas para uma área que era um vazio. Como não sabia onde esse vazio ia me levar fiquei um pouco receosa, mas só após confiar que não ia acontecer nada de errado, tomei coragem e fiz o que me foi pedido. Em seguida fui pega pelas pernas que estavam nesse vazio e colocada no cangote de outro colega de curso para depois ser colocada no chão novamente para continuar essa experiência.
Após essa situação inusitada percebi que quem é deficiente visual não é que não enxerga. Pelo contrário eles desenvolvem uma forma única de visão em relação ao mundo que é muito mais rica de detalhes e percepções que nós que podemos enxergar temos, já que banalizamos os outros sentidos em prol da visão.

Assim estética não é necessariamente visual, mas pode ser sensorial, olfativa e auditiva. Estética é perceber o mundo. E essa experiência com certeza me fez perceber o mundo de forma diferente do que eu via antes.

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